VARROA (2)

LER TAMBÉM: VARROA(1)

Antes de continuar com o tema proposto, Varroa, é com grande tristeza que desejo as melhoras ao meu amigo apicultor Augusto Inácio Ferreira, que se encontra hospitalizado em estado muito grave. Assim como gosta de ser chamado, “Augusto – o Abelhas do Fratel”, apesar de homem com grande experiência na apicultura, como muitos outros, nunca recusou uma resposta às dúvidas dos mais inexperientes e deixa escrito muitos textos que merecem um livro. O meu maior desejo é que ainda volte com saúde para publicar o livro e ainda possamos vir a encontrar-nos pela primeira vez. Obrigado Augusto.

Dando continuação ao assunto em vigor, parece-me de bom tom legendar as siglas CCD que utilizei no mês passado, para evitar qualquer mal entendido. Como refere, geralmente, um amigo do norte da empresa MACMEL, Francisco Rogão: CCD = “Colapso das Colônias por Descuido”. E esta afirmação, apesar de cientificamente incorreta, vai de encontro ao que pretendo desde o início deste tema, a Varroa. O descuido ou o incorreto maneio por parte do apicultor, em relação à Varroa gera constantemente mortes ou enfraquecimentos em colmeias/enxames que muitas vezes são referidas como CCD*.

Voltando à vaca fria, referi anteriormente a existência de 3 tipos de tratamento, seguindo as influências existentes. Sem querer desfazer de nenhum deles, referir-me-ei a cada um deles sem ordem preferencial ou predefinida. Irei começar por referir os Medicamentos de Uso Veterinário (MUV**) para abelhas autorizados pela Direção Geral de Alimentação e Veterinária para o combate à varroose, tanto para a Apicultura dita convencional como para a Apicultura dita biológica (ou em Modo de Produção Biológico – MPB):

  • Apicultura Convencional (1º tipo…)
    • APITRAZ – Princípio ativo: Amitraz; APIVAR – Princípio ativo: Amitraz; APISTAN – Princípio ativo: Tau- Fluvalinato; BAYVAROL – Princípio ativo: Flumetrina;
  • Apicultura MPB (2º tipo…)
    • MAQS – Princípio ativo: Ácido fórmico; APILIFE VAR – Princípios ativos: Timol, Óleo de eucalipto, Cânfora racêmica e Levomentol; APIGUARD – Princípio ativo: Timol; THYMOVAR – Princípio ativo: Timol.

Como a lista anterior pode ser encontrada facilmente, não haveria interesse nenhum a que eu a listasse sem tecer comentários sobre as marcas. E como referi anteriormente, e por várias vezes, as minhas opiniões são fruto da minha experiência e não estão isentas de críticas, no entanto sou e serei sempre livre de criticar uma marca ou outra após a utilização das mesmas – Direito do Consumidor.

As minhas críticas poderão não ajudar aqueles já com alguma dimensão e experiência, pois esses só estarão com o problema da Varroa porque querem. Não consigo compreender como é que alguém com mais de 50, 100 ou 200 colmeias se põe a inventar e pode pôr em risco uma exploração de grande dimensão.

Para todos os novos apicultores e com pouca experiência, as minhas sugestões baseadas na minha experiência pode valer o que vale.

Enquanto apicultor em modo convencional, utilizei por várias vezes, em momentos e locais diferentes o APIVAR, APISTAN e o BAYVAROL. Só um aviso: “Esqueçam a Flumetrina, pelo menos usando BAYVAROL“. Entre o APISTAN e o APIVAR, dou uma ligeira inclinação favorável para o APIVAR. Nunca usei/experimentei o APITRAZ.

Enquanto apicultor em modo de produção biológico, utilizei por várias vezes, em momentos e locais diferentes o APIGUARD, APILIFE VAR e o THYMOVAR. Só um aviso: “Esqueçam o THYMOVAR”. Entre o APIGUARD e o APILIFE VAR, a minha preferência vai diretamente para o APIGUARD. Nunca usei/experimentei o MAQS.

No entanto terei de explicar melhor porque prefiro o APIGUARD. Não só porque os resultados me agradem, mas principalmente, apesar de opiniões contrárias, é o produto com base em TIMOL que menos descontrola as minhas colmeias. Devo chamar à atenção que as doses recomendadas devem ser completamente evitadas. Aplico o APIGUARD a 50% e repito a dosagem 10-15 dias depois e sempre com temperatura máximas diárias abaixo dos 27ºC.

Tentando entrar no modo de uma apicultura mais natural, ou em Modo Engenhoso Português***, mais conhecido pelo desenrasque, já ouvi relatar experiências para a luta contra a Varroa com limões (Fruta e Sumo), ácidos na sua forma mais simples (Fórmico e Oxálico), Própolis nas suas mais variadas formas, Cânfora, Enxofre, Citronela (Já utilizei/experimentei, mas não foi suficiente para tirar ilações), Ácaros para combater varroa, Controlo da Varroa com Aracnídeos, ortigas, reduzir o tamanho dos opérculos da cera para produzir abelhas mais pequenas, usar o controlo do zangão, e até o pensamento do NÃO TRATAR. Costumo dizer sempre, “Não se conhece completamente uma ciência enquanto não se souber da sua história“, e por isso todos esses produtos ou alguns deles podem ser eficazes ou vir a ser, não discordo, mas precisam de fazer a sua história de modo a que possam ajudar sem ser por golpe de sorte – Não negue à partida uma ciência que desconhece!

Não posso finalizar sem referir: “Não sou contra, nem a favor de qualquer das alternativas de tratamento que apresento, aliás eu próprio já fiz e continuarei a fazer as minhas experiências. O que deve acontecer sempre é a partilha de conhecimento…”

E assim finalizo o VARROA (2), já pensando no VARROA (3)

LER TAMBÉM: VARROA(1)

*CCD = Colony collapse disorder / PT: Distúrbio do Colapso das Colônias – Tema para outro artigo.
**Fonte: http://www.gpp.pt/MA/apicultura/Plano_luta_contra_varroose_2015.pdf
***Termo da autoria do Autor.

Cristóvão Oliveira
— Professor e Apicultor
Artigo Publicado no Jornal +Aguiar da Beira – Setembro/2015

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