A Cor da Abelha

Terminologia:

  • Abelha (de mel) – Espécie com nome científico: Apis Mellifera. São insetos sociais que vivem em colónias produtoras de mel, geleia real, cera, própolis e pólen. As abelhas pertencem ao género Apis, da família Apidae, da ordem
  • Vespa – Conjunto de espécies que derivam da subfamília Vespinae, família Vespidae, da ordem
  • Vespa Crabro – Espécie com nome científico: Vespa Crabro. Esta espécie de vespa tem o nome comum de “European Hornet” (Vespa Europeia) e pertence ao género Vespa, da família Vespidae, da ordem Hymenoptera. Esta vespa é muito comum na Península Ibérica e convivemos com ela há muitos anos.
  • Vespa Asiática – Espécie com nome científico Vespa Velutina. É uma espécie de vespa exótica na Europa, em particular na Península Ibérica, proveniente da Ásia tal como o nome indica e é considerada uma predadora voraz para as abelhas de mel. Ela pertence aos mesmos género, família e ordem da Vespa Crabro.

Aguardando sugestões dos leitores sobre temas da apicultura a abordar nos meus devaneios, lembrei-me de apresentar um assunto sobre o qual já pensei várias vezes desde que me dediquei fortemente ao mundo das abelhas: A cor da abelha… Ao longo dos tempos, ou melhor, dos últimos anos, assisto a uma espécie de aflição cada vez que vejo animações e desenhos na televisão e nas revistas, online e em papel, sobre abelhas e colmeias.

Talvez devido ao aparecimento das chamadas vespas assassinas (Vespa Asiática) temos assistido a uma miscelânea de notícias constantes a referir o perigo do desaparecimento das abelhas, nomeadamente as de mel e vemos por isso imensas “abelhas amarelas”.

A partir de janeiro deste ano, tem sido anunciado em vários jornais e revistas que uma praga de vespas velutinas, que se tinham espalhado por França e Norte de Espanha, tinha sido já detetada no Alto Minho. No entanto a presença das mesmas já foi detetada por cá desde 2011, sem nada ter sido desenvolvido em concreto para combater esta eventual praga, ou pelo menos nada com resultados visíveis. O ridículo da passividade das entidades superiores do nosso país torna-se evidente quando verificamos que em fevereiro de 2013 sai um artigo muito claro no Jornal Público, sem que se assiste em paralelo numa ação em concreto por parte de Portugal.

Em pouco mais de 3 anos depois do eventual primeiro avistamento da presença da Vespa Asiática é de lamentar que as entidades superiores tenham tomado este problema como importante quando somente ele começou a afetar não-apicultores, ou seja quando as vespas começaram a aparecer nas cidades ou a prejudicar outros ramos da agricultura, diretamente ou indiretamente. Em julho deste ano, segundo fontes online, foram avistados e destruídos 3 ninhos na cidade do Porto.

No entanto é importante que a população não confunda a Vespa Velutina com a Vespa Crabro, esta última uma Vespa presente na Península Ibérica e assumida como autóctone. A ideia errada de erradicar a Vespa Crabro como sendo a Velutina, pode voltar o feitiço contra o feiticeiro. Em abril deste ano foi apresentado pela RTP um título sugestivo que não adjuva a favor: “O senhor dos animais apresenta… A invasão da Vespa Crabro”. Como pode uma espécie existente há muitos anos invadir o seu próprio espaço?

Bem, não querendo divergir, a cor da abelha tem sido constantemente abordada como amarela, basta para isso ver a abelha Maia e outras animações… Onde pela nossa abelha de mel, se pode afirmar que as abelhas são amarelas? Deixo a pergunta no ar…

Cristóvão Oliveira
— Professor e Apicultor

Artigo Publicado no Jornal Mais Aguiar da Beira – Nov/2014

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